Wednesday, May 9, 2007

Texto: As Novas Tecnologias e o Palco

Longe vão os tempos em que o teatro se cingia apenas à arte de representar, servindo-se para tal, de suportes como a luz e o som (entenda-se luminotecnia e sonoplastia). Hoje, é cada vez mais notório o recurso a novas tecnologias como o vídeo, projector multimédia, imagem digitalizada, e uma série de recursos provenientes de programas informáticos, que têm transformado para melhor, os espectáculos de música, dança, teatro, e variadíssimas performances.
No que á música diz respeito, recordo-me de ter assistido em Julho de 1989, a um concerto dos Pink Floyd, em Veneza, e que mereceu honras de transmissão via TV para todo o mundo. Falo neste evento porque foi aí que assisti, penso que pela primeira vez, ao recurso a imagens projectadas, simultaneamente à interpretação dos temas musicais. As imagens eram projectadas num enorme ecrãn em forma de meia-lua – fiquei bastante impressionado com o desenho de luz de todo o concerto, em perfeita harmonia com a sonoridade própria da música dos Pink Floyd e as imagens alusivas aos temas tocados. Considerei-me, na altura, um privilegiado ao ter assistido a tais inovações.
Outro espectáculo a que tive a felicidade de assistir, foi a actuação do Groupe Acrobatique de Tanger, a 7 de Agosto de 2006, integrado no “Zomer van Antwerpen 2006”, na Bélgica, e do qual ainda guardo o bilhete. Foi com agrado ver como as novas tecnologias, especialmente as variadíssimas possibilidades de utilização de imagens vídeo, formavam uma perfeita harmonia, dentro de uma representação fabulosa, onde se misturavam o teatro, a música, o canto, a ginástica acrobática – um espectáculo muito bem desenhado, com actores multifacetados, e em que as novas tecnologias (especialmente a projecção de imagens captando a movimentação dos actores/ginastas/músicos) foram usadas com muito bom gosto. Deixo aqui apenas um dos movimentos/efeitos multimédia: dois actores, vestidos com roupas de cores opostas, colocam-se numa posição de execução difícil. Essa posição estática é filmada por uma câmara de vídeo e projectada num enorme pano branco que já servira para a encenação de outros movimentos anteriores. Rodando o projector a imagem fica invertida, com os dois actores/ginastas agora em posições opostas e ainda de maior dificuldade de execução. É esta imagem projectada que estes vão executar com uma fidelidade impressionante. Esta parte do espectáculo contou com cinco posições diferentes, com o grau de dificuldade sempre a aumentar. Tudo isto com o recurso a uma câmara de vídeo, um projector multimédia… e muita imaginação.
Gostaria de fazer uma breve referência à peça de teatro infantil “O Principezinho”, presentemente em cena no Teatro Politeama, na qual o encenador, Filipe La Féria, alia a poesia, o imaginário e as imagens de Saint-Exupéry às novas tecnologias do vídeo, da luz e do som.
Para a peça de teatro “Separados pela timidez”, pretendo usar as novas tecnologias do vídeo, usando um projector multimédia e dois computadores portáteis, pois, será através das imagens que o espectador terá conhecimento do que ocorreu no passado (há cerca de vinte anos atrás), enquanto que em cima do palco será representado o tempo presente.

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